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28 de dez. de 2010

Hipofilia

A fraqueza de meu sangue
Novamente me rebaixa
Não sou incapaz
Apenas sou diferente
Incompreensível
A falta que tento compensar
São rótulos que recebo
Mas não consigo pensar
Estou lento demais para lembrar
Mas a culpa não é minha!

Maldito organismo
Que de vivo não tem nada
Sinto que sou uma piada
De mal gosto é claro
E a pouca, inútil e escassa
Energia que me resta
Desperdiço nestas linhas
Que não deveriam ser lidas
Combinação fútil de palavras
Balbuciadas pela mão frenética
De quem já não se reconhece mais
Em momentos banais
Torpórico, anacrônico, estagnado
Surreal, lívido, porém imaginário
De quem há muito deixou de ser
Se é que um dia foi
E agora apenas está
Solitário, recluso, excluso, terático
De mente inviabilizada
E sentimentos de fogo-fátuo

Cubra o rosto
Cobre o preço que pago eternamente
Ninguém mais sente
E não entende o que há
Então palavras fúteis
Atiradas ao vento
Como um lamento
De quem quer chorar

Sem óculos não enxergo
E tento não perceber
A dor que me cerca
A solidão a me absorver
A palavra não dita
Um simples adeus
Gravado em pedra outrora viva
Agora como meu coração
Rachada, partida, em partes complexas
Inúteis
Como um quebra-cabeças
Sem solução

E ainda assim não falo o que há
Pois não há como expressar
O nada que sou.


14/11/10
(Poema de D. Joe)

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